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Alternativas para evitar racionamento terão alto custo

Mercado de Energia

O governo federal busca novas manobras para evitar um provável racionamento de energia elétrica neste ano, porém elas poderão custar tão caro para a sociedade quanto um programa de redução de consumo. Com o desgaste político da administração da presidente Dilma Rousseff, o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) lançaram medidas para aumentar a oferta e diminuir a demanda. Quase todas implicarão aumento da conta de luz.

Uma das propostas é a portaria que autoriza a compra de energia de shoppings centers, supermercados e demais empresas que tenham geradores elétricos – normalmente gerador a diesel. O negócio de grupos geradores no Brasil parece ter tomado impulso neste ano com a intenção do governo de contratar geração própria. Empresas do setor vêm reportando um aumento nas consultas para saber da disponibilidade de equipamentos no mercado. Enquanto as regras sobre essa contratação, bem como sobre o leilão planejado para o ano que vem, não são conhecidas, algumas das principais empresas já se preparam para, quando essas condições forem divulgadas, participar do processo, até mesmo com a importação desses geradores, uma vez que os de maior capacidade são encontrados no exterior.

Entretanto, mesmo com essa medida emergencial para ajudar no alívio da pressão sobre a capacidade de geração no País, algumas questões dificilmente serão equacionadas no curto prazo. Pontos como a disponibilidade do combustível e licenciamento ambiental estão fora da alçada da ANEEL, e tudo isso precisa ser esclarecido antes da realização do leilão.

Outro ponto que deve ser levado em consideração também é o interesse das empresas que já possuem essa capacidade de geração e que o governo quer atrair. Isso porque o equipamento que está disponível para a empresa possui uma vida útil que pode ser reduzida até à metade do que se tem atualmente se pensarmos em uma geração diária de mais de três horas.

O surgimento de novos produtores, por outro lado, é algo mais provável, uma vez que as consultas a empresas que vendem equipamentos como a Sotreq tem aumentado. De acordo com o gerente de vendas da empresa, esse aumento está na casa de 20% a 30%, para avaliar as possibilidades de geração disponíveis no mercado. E isso tanto para o diesel quanto para o gás natural. O investimento estimado para essas usinas pode ficar em até US$ 1 mil por kW instalado, dependendo do tipo de usina.

A aprovação da medida que autoriza essa regulamentação emergencial deve sair nas próximas semanas para início de geração a partir de maio. Mas, enquanto os donos de geradores tendem a lucrar com a medida, os demais consumidores vão arcar com os custos altos implicados com os geradores a diesel.

Além da contratação dos geradores, o governo ampliou a possibilidade de importar energia da Argentina e do Uruguai. Na quarta-­feira, o Ministério de Minas e Energia publicou no Diário Oficial da União a autorização para que a Petrobras e a Eletrobras sejam responsáveis pela operação.

A importação, no entanto, ainda é uma dúvida, já que no inverno o consumo de energia é grande na Argentina, o que fará com que o custo da energia seja mais alto. Pelas regras estabelecidas pelo ministério, o custo de importação que superar o preço do mercado à vista (o chamado PLD) será coberto pelo Encargo de Serviço do Sistema (ESS), pago por todos os brasileiros.

As duas medidas (compra de energia térmica e importação) têm o objetivo de preservar a água dos reservatórios. Até 1º de abril, o nível das represas do Sudeste/Centro-­Oeste estava em 28,8%, abaixo dos 30% esperados pelo governo. Mas, ao reduzir a energia hídrica, o governo tende a ampliar o rombo entre os geradores, que vão produzir menos do que a garantia física. Antes mesmo de se cogitar a possibilidade de contratar energia de shoppings e supermercados, a expectativa de prejuízo das geradoras superava R$ 20 bilhões com a queda de produção.

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