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Crise climática e setor elétrico: entenda a relação entre as fortes chuvas e cortes de energia

Pesquisa de setor energético

O setor elétrico brasileiro, ao longo de sua história, enfrentou diversos desafios que marcaram seu desenvolvimento e influenciaram sua forma atual. Mas, com a frequência cada vez maior de problemas ocasionados pela crise climática, este mesmo sistema pode precisar cada vez mais de mudanças e adaptações.

  • Mas quais são os principais desafios relacionados à infraestrutura de um modelo elétrico como o do Brasil? A quais fenômenos climáticos estamos mais suscetíveis?

Com uma das maiores enchentes registradas no estado, os cortes de energia no Rio Grande do Sul têm chamado a atenção para a relação delicada entre o sistema elétrico e catástrofes ambientais, principalmente aquelas decorrentes da atividade humana. 

Em relação à tragédia que ainda atinge o RS, o Ministério de Minas e Energia divulgou no dia 06 de maio que os cortes de energia motivados pelas chuvas no Rio Grande do Sul afetaram 534 mil “unidades consumidoras”, como casas, apartamentos ou estabelecimentos comerciais.

Para entender mais como funcionam as tomadas de ação no sistema elétrico em relação a esses fenômenos produzimos um conteúdo que aborda desde a relação da energia com fenômenos naturais até a utilização humana desses recursos. Além disso, você verá:

  • Recursos naturais e energia: qual a relação?
  • Utilização da energia para atividades humanas
  • Eventos climáticos extremos: o que são e como chegamos a eles?
  • Como os eventos climáticos afetam o setor elétrico? O caso do Rio Grande do Sul
  • Sistema Interligado Nacional: infraestrutura e desafios

Recursos naturais e a energia: qual a relação?

Vamos voltar às aulas de física.

Seja de fontes renováveis ou não, o que chamamos popularmente de “energia” é na verdade parte de algum recurso presente na natureza. Pela ótica da física, podemos definir a “energia” como grandeza física escalar que representa a capacidade de realizar trabalho/força/movimento/ação. Para a física, o trabalho quantifica a transferência de energia de um sistema para outro quando ele realiza um deslocamento.

No entanto, não existe uma única “energia”. Aliás, o tipo de energia pode ser descrita como mecânica, termodinâmica, eletricidade, magnetismo, óptica e ainda a física nuclear. O que é importante ressaltar aqui é que há energia presente nos fenômenos naturais e, eles são essenciais para a vida na Terra. 

  • Por exemplo, os raios são descargas elétricas das nuvens e desempenham um equilíbrio ecológico e climático da Terra, distribuindo calor e umidade por todo o planeta, influenciando os padrões climáticos e regulando a temperatura global.

Nesse sentido, seja pela produção de calor, eletricidade, movimento, as energias existentes no planeta são fundamentais para as manter condições de vida que conhecemos.

Utilização da energia para atividades humanas

Com o desenvolvimento da humanidade, as descobertas em torno da utilização da energia foram abrindo espaço para tecnologias e ferramentas que a tornaram um tipo de recurso para a atividade humana. Um exemplo clássico é a eletricidade.

Com ela, desde lâmpadas até sistemas de aquecimento, transporte e computação puderam ser desenvolvidos. No entanto, esse deslocamento da energia para outras ações, dependendo da fonte energética utilizada, também pode gerar resíduos, gases, ou outros fenômenos relacionados à essa transferência. 

Com a intensificação da exploração de recursos naturais para suprir essa atividade humana, que não está relacionada apenas à energia mas a diversas formas de utilização de recursos, chegamos à produção excessiva de gases e resíduos que comprometem o funcionamento natural do ecossistema da Terra. O resultado? Estamos produzindo o que são chamados como eventos climáticos extremos.

 

Eventos climáticos extremos: o que são e como chegamos a eles?

Eventos climáticos extremos como secas, inundações, furacões e incêndios florestais sempre existiram. No entanto, nos últimos anos, a frequência e intensidade desses eventos vêm aumentando significativamente, causando impactos cada vez mais devastadores.

Eles se caracterizam por sua intensidade, severidade e raridade e podem se manifestar de diversas formas, como

  • Ondas de calor: Temperaturas extremamente elevadas por um período prolongado, podendo causar desidratação, doenças relacionadas ao calor e até mesmo mortes.
  • Secas: Períodos com precipitação significativamente abaixo da média, levando à escassez de água, perda de safras e desertificação.

  • Inundações: Aumento anormal do nível da água em áreas terrestres, geralmente causado por chuvas fortes e persistentes, podendo ocasionar danos à infraestrutura, deslocamentos e perdas materiais. É este tipo de fenômeno que vem afetando de forma muito severa o estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
  • Furacões: Tempestades ciclônicas de grande intensidade, acompanhadas de ventos fortes, chuvas intensas e ondas altas, que podem causar estragos severos e perdas de vidas.

 

Como chegamos a esses eventos?

A principal causa do aumento dos eventos climáticos extremos é o aquecimento global, provocado principalmente pela emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera. Esses gases, como o dióxido de carbono (CO2), retêm o calor do Sol, elevando a temperatura média do planeta.

O aquecimento global intensifica os ciclos naturais do clima, levando a eventos mais frequentes e intensos. As ondas de calor, por exemplo, são consequência do aumento da temperatura média global, enquanto as secas se intensificam devido à alteração dos padrões de precipitação. Entenda como esses eventos extremos são formados:

  • Queima de combustíveis fósseis: Carvão, petróleo e gás natural liberam grandes quantidades de CO2 na atmosfera quando queimados. Essa prática, essencial para a geração de energia e transporte na sociedade moderna, é a principal causa do aquecimento global.
  • Desmatamento: As florestas absorvem CO2 da atmosfera, agindo como um filtro de ar natural. O desmatamento, impulsionado pela expansão da agricultura, pecuária e exploração madeireira, elimina essa capacidade de absorção, intensificando o efeito estufa.
  • Outras atividades: A indústria, a agricultura e o uso de alguns gases também contribuem para a emissão de GEE, intensificando o problema.

Quais são as consequências do aquecimento global e os efeitos climáticos extremos?

  • Aumento da temperatura média global: O planeta já está cerca de 1°C mais quente do que na era pré-industrial, e a tendência é que continue aquecendo se as emissões de GEE não forem reduzidas drasticamente.
  • Eventos climáticos extremos: Ondas de calor, secas, inundações, furacões e outros eventos extremos estão se tornando mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global.
  • Elevação do nível do mar: O derretimento das geleiras e calotas polares, causado pelo aumento da temperatura, contribui para a elevação do nível do mar, ameaçando cidades costeiras e ilhas.
  • Acidificação dos oceanos: O aumento de CO2 na atmosfera leva à acidificação dos oceanos, prejudicando a vida marinha e os recifes de coral.
  • Perda de biodiversidade: O aquecimento global e as mudanças climáticas estão impactando diversos ecossistemas, levando à perda de biodiversidade e à extinção de espécies.
  • Impactos sociais e econômicos: As mudanças climáticas causam diversos impactos sociais e econômicos, como migração forçada, perda de safras, danos à infraestrutura e aumento da pobreza.

 

Como os eventos climáticos extremos afetam o setor elétrico? O caso do Rio Grande do Sul

De acordo com a meteorologista do portal O ClimaTempo, Stefanie Tozzo, maio de 2024 será lembrado pela situação de completa calamidade no Rio Grande do Sul, provocada por chuvas extremas e pelo calor completamente atípico no Sudeste e no Centro-Oeste. Os dois eventos, de acordo com a especialista, podem ser considerados históricos e causados pelo mesmo fenômeno meteorológico: um forte e longo bloqueio atmosférico.

Um bloqueio atmosférico é uma combinação de circulação de ventos em diferentes níveis da atmosfera. Mas quando os vários sistemas meteorológicos causadores destes ventos ficam estacionados por muitos dias, numa mesma posição, as massas de ar não conseguem se mover livremente. O ar frio e o ar quente ficam parados nos mesmos lugares, não se misturam, como deveria ocorrer. 

 

Leia a matéria completa aqui.

Como fica a energia?

De acordo com matéria publicada no portal G1, o estado registra, pelo menos, 454,9 mil pontos sem luz. Na área de concessão da CEEE Equatorial, são 221,3 mil imóveis sem energia (12,3% do total de clientes). Já na região atendida pela RGE Sul, são 233,6 mil imóveis afetados (7,6% do total de clientes). 

Essa falta de energia não é por acaso. Além dos danos causados na infraestrutura, o desligamento do fornecimento é necessário para a segurança dos resgates e das operações que precisam ser realizadas na região. 

As fortes chuvas que provocam alagamentos e enchentes no estado provocam três frentes problemáticas em relação à energia elétrica, são elas:

 Danos à Infraestrutura:

  • Subestações e Equipamentos: A inundação de subestações e equipamentos elétricos pode levar a curtos-circuitos, explosões e incêndios, causando danos materiais e interrupções no fornecimento de energia.
  • Cabos e Fiação: A água pode danificar cabos e fiação subterrânea, comprometendo a distribuição de energia e aumentando o risco de acidentes.
  • Postes e Torres: A força da água pode derrubar postes e torres de transmissão, interrompendo o fornecimento de energia para grandes áreas e dificultando os reparos.

 Interrupções no Fornecimento de Energia:

  • Desligamento Preventivo: Para evitar danos à infraestrutura e garantir a segurança, as empresas de energia podem desligar a rede elétrica em áreas alagadas, causando interrupções no fornecimento de energia para os consumidores.
  • Falhas na Rede: Danos à infraestrutura causados pelas enchentes podem levar a falhas na rede elétrica, resultando em interrupções no fornecimento de energia e instabilidade no sistema.

  Riscos à Segurança:

  • Choque Elétrico: A água torna a condutividade elétrica do solo mais alta, aumentando o risco de choque elétrico em caso de contato com a rede elétrica ou equipamentos danificados.
  • Afogamento em Poços Submersos: Poços de inspeção e outras instalações subterrâneas podem ser inundados, criando armadilhas para trabalhadores e moradores da região.
  • Quedas de Equipamentos: A força da água pode derrubar postes, fios e outros equipamentos elétricos, representando um risco de queda e ferimentos para pessoas próximas.

Sistema Interligado Nacional: infraestrutura e desafios

O Sistema Interligado Nacional (SIN) é um dos maiores sistemas elétricos interligados do mundo, abrangendo 99% do território nacional e atendendo a mais de 211 milhões de pessoas. Sua complexa estrutura, composta por subsistemas, linhas de transmissão e diversas fontes de energia, garante o fornecimento de energia para as cidades, indústrias e agronegócio, impulsionando o desenvolvimento do país.

Mas como esse sistema é gerido? Este é o único modelo de distribuição que existe no mundo?

Responda essas e outras perguntas acessando o texto completo aqui

 

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