O setor elétrico brasileiro, ao longo de sua história, enfrentou diversos desafios que marcaram seu desenvolvimento e influenciaram sua forma atual. Mas, com a frequência cada vez maior de problemas ocasionados pela crise climática, este mesmo sistema pode precisar cada vez mais de mudanças e adaptações.
Com uma das maiores enchentes registradas no estado, os cortes de energia no Rio Grande do Sul têm chamado a atenção para a relação delicada entre o sistema elétrico e catástrofes ambientais, principalmente aquelas decorrentes da atividade humana.
Em relação à tragédia que ainda atinge o RS, o Ministério de Minas e Energia divulgou no dia 06 de maio que os cortes de energia motivados pelas chuvas no Rio Grande do Sul afetaram 534 mil “unidades consumidoras”, como casas, apartamentos ou estabelecimentos comerciais.
Para entender mais como funcionam as tomadas de ação no sistema elétrico em relação a esses fenômenos produzimos um conteúdo que aborda desde a relação da energia com fenômenos naturais até a utilização humana desses recursos. Além disso, você verá:
Vamos voltar às aulas de física.
Seja de fontes renováveis ou não, o que chamamos popularmente de “energia” é na verdade parte de algum recurso presente na natureza. Pela ótica da física, podemos definir a “energia” como grandeza física escalar que representa a capacidade de realizar trabalho/força/movimento/ação. Para a física, o trabalho quantifica a transferência de energia de um sistema para outro quando ele realiza um deslocamento.
No entanto, não existe uma única “energia”. Aliás, o tipo de energia pode ser descrita como mecânica, termodinâmica, eletricidade, magnetismo, óptica e ainda a física nuclear. O que é importante ressaltar aqui é que há energia presente nos fenômenos naturais e, eles são essenciais para a vida na Terra.
Nesse sentido, seja pela produção de calor, eletricidade, movimento, as energias existentes no planeta são fundamentais para as manter condições de vida que conhecemos.
Com o desenvolvimento da humanidade, as descobertas em torno da utilização da energia foram abrindo espaço para tecnologias e ferramentas que a tornaram um tipo de recurso para a atividade humana. Um exemplo clássico é a eletricidade.
Com ela, desde lâmpadas até sistemas de aquecimento, transporte e computação puderam ser desenvolvidos. No entanto, esse deslocamento da energia para outras ações, dependendo da fonte energética utilizada, também pode gerar resíduos, gases, ou outros fenômenos relacionados à essa transferência.
Com a intensificação da exploração de recursos naturais para suprir essa atividade humana, que não está relacionada apenas à energia mas a diversas formas de utilização de recursos, chegamos à produção excessiva de gases e resíduos que comprometem o funcionamento natural do ecossistema da Terra. O resultado? Estamos produzindo o que são chamados como eventos climáticos extremos.
Eventos climáticos extremos como secas, inundações, furacões e incêndios florestais sempre existiram. No entanto, nos últimos anos, a frequência e intensidade desses eventos vêm aumentando significativamente, causando impactos cada vez mais devastadores.
Eles se caracterizam por sua intensidade, severidade e raridade e podem se manifestar de diversas formas, como
A principal causa do aumento dos eventos climáticos extremos é o aquecimento global, provocado principalmente pela emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera. Esses gases, como o dióxido de carbono (CO2), retêm o calor do Sol, elevando a temperatura média do planeta.
O aquecimento global intensifica os ciclos naturais do clima, levando a eventos mais frequentes e intensos. As ondas de calor, por exemplo, são consequência do aumento da temperatura média global, enquanto as secas se intensificam devido à alteração dos padrões de precipitação. Entenda como esses eventos extremos são formados:
De acordo com a meteorologista do portal O ClimaTempo, Stefanie Tozzo, maio de 2024 será lembrado pela situação de completa calamidade no Rio Grande do Sul, provocada por chuvas extremas e pelo calor completamente atípico no Sudeste e no Centro-Oeste. Os dois eventos, de acordo com a especialista, podem ser considerados históricos e causados pelo mesmo fenômeno meteorológico: um forte e longo bloqueio atmosférico.
Um bloqueio atmosférico é uma combinação de circulação de ventos em diferentes níveis da atmosfera. Mas quando os vários sistemas meteorológicos causadores destes ventos ficam estacionados por muitos dias, numa mesma posição, as massas de ar não conseguem se mover livremente. O ar frio e o ar quente ficam parados nos mesmos lugares, não se misturam, como deveria ocorrer.
De acordo com matéria publicada no portal G1, o estado registra, pelo menos, 454,9 mil pontos sem luz. Na área de concessão da CEEE Equatorial, são 221,3 mil imóveis sem energia (12,3% do total de clientes). Já na região atendida pela RGE Sul, são 233,6 mil imóveis afetados (7,6% do total de clientes).
Essa falta de energia não é por acaso. Além dos danos causados na infraestrutura, o desligamento do fornecimento é necessário para a segurança dos resgates e das operações que precisam ser realizadas na região.
As fortes chuvas que provocam alagamentos e enchentes no estado provocam três frentes problemáticas em relação à energia elétrica, são elas:
Danos à Infraestrutura:
Interrupções no Fornecimento de Energia:
Riscos à Segurança:
O Sistema Interligado Nacional (SIN) é um dos maiores sistemas elétricos interligados do mundo, abrangendo 99% do território nacional e atendendo a mais de 211 milhões de pessoas. Sua complexa estrutura, composta por subsistemas, linhas de transmissão e diversas fontes de energia, garante o fornecimento de energia para as cidades, indústrias e agronegócio, impulsionando o desenvolvimento do país.
Mas como esse sistema é gerido? Este é o único modelo de distribuição que existe no mundo?
Responda essas e outras perguntas acessando o texto completo aqui
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