Entre janeiro e outubro de 2015, a tarifa de energia elétrica residencial subiu 49% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas a variação média elevada esconde situações diferentes em cada região. Enquanto em São Paulo e Curitiba o aumento chegou a 70% no período, as cidades do Nordeste e do Norte pesquisadas pelo IBGE registraram inflação menor nesse item, ainda que sempre acima de 10%.
A capital com maior aumento no valor da eletricidade nas regiões Norte e Nordeste foi Fortaleza, onde as tarifas avançaram 37,84% no acumulado do ano. Em seguida, aparecem Salvador (27,67%), Recife (22,84%) e Belém (17,07%). Não há uniformidade nos aumentos, porque cada região tem encargos setoriais diferentes.
Como o Tesouro Nacional parou de bancar as despesas da conta criada para concentrar subsídios à tarifa para baixa renda e universalização da energia, esses serviços passaram a ser cobrados integralmente dos consumidores. Nos cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a mudança foi responsável por 16,6% da alta no Sudeste este ano. Para o Nordeste, o encargo pesa apenas um quarto do que é cobrado nas demais regiões.
No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, 21% da energia comprada das grandes distribuidoras vem da usina de Itaipu, cotada em dólar, e que foi reajustada em 46% neste ano. Esse custo do dólar não afetou tanto as concessionárias do Norte e do Nordeste, que não recebem essa energia.
Graças a esses dois fatores, o reajuste extraordinário autorizado em março pela ANEEL foi muito mais forte nas capitais do Sul e do Sudeste.
A Revisão Tarifária Extraordinária (RTE) elevou em média 23,4% as tarifas de eletricidade no país todo. Entretanto, o índice foi sensivelmente maior em Curitiba (31,86%), São Paulo (27,91%) e Porto Alegre (26,31%). Nas regiões Norte e Nordeste, sofreu acréscimo médio de apenas 5,5%.
No Rio de Janeiro, os preços ao consumidor da principal concessionária subiram 17,21% desde o dia 7 de novembro, alta ainda não captada pelo IPCA, mas, mesmo assim, a energia ao consumidor já está 35,2% mais cara até outubro no indicador.
Cálculos indicam que a tarifa de energia em São Paulo terá alta de 73,8% no acumulado de 2015. Só esse aumento deve ser responsável por mais de vinte pontos percentuais da alta de 52,4% projetada para todo o Brasil, devido ao elevado peso da eletricidade em São Paulo dentro desse item no IPCA (27,9%).
Na média do País, o maior impacto na tarifa de energia se deu pelo reajuste autorizado pela ANEEL, que levou a alta de 22,1% em março. A segunda fonte de pressão mais significativa sobre os preços é o sistema de bandeiras tarifárias.
Como o ano já começou com bandeira vermelha, indicando aos consumidores que as térmicas mais caras estão acionadas, as tarifas avançaram 8,3% em janeiro. Apesar de não haver perspectiva de saída do sinal vermelho para o consumo neste ano, em setembro o valor de acréscimo sobre as cobranças diminuiu de R$ 5,50 para R$ 4,50 por cada 100 quilowatt-hora (KWh), depois do desligamento de 21 térmicas.
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